sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Gostosuras ou travessuras?

HALLOWEEN e SACI

Parecia uma festa normal, a não ser, é claro, pelas fantasias oriundas do império americano. Entra ano e sai ano e nós brasileiros nos rendemos mais à cultura do capitalismo selvagem.

Antes que digam que sou um comunista ou socialista, vou logo esclarecendo: sou meio humanista. Tudo bem, vocês podem me dizer que eu estou errado, e daí? É assim que penso!

Mas, vamos ao que realmente é motivo dessa “croniqueta”. O povo todo vestido de bruxa, de caveira, fantasia de abóbora era uma perfeita festa de halloween... Exceto é claro pelo país, tupiniquim! Todos, todos sem exceção se divertiam, afinal era uma festa, né?
E festa é conosco mesmo!!! Já viste povo mais animado que o nosso? Eu não!!! E lá pelas tantas da celebração às bruxas, aparece um indivíduo diferente... Não, não era uma das bruxas de Eastwood, e nem o Harry Porter, muito menos o Senhor dos Anéis... Era um negrinho franzino e que mancava, pois só tinha uma das pernas... Todos pensavam se tratar de um disfarce... Mas o cachimbo que exalava um cheiro tradicional e as evidências mostravam que era um ser diferente. Talvez oriundo das histórias em quadrinhos, ou mais precisamente um dos personagens do mestre Lobato... E o dito cujo riu para o pessoal, soltou uma baforada e indagou:

- Eta festa boa essa molecada!!! Quanta animação pessoal!!! Posso saber o que vocês estão comemorando???

Um dos convidados mais exaltado resolveu retrucar o menino:

- Que fantasia maneira, neguinho!!! Cadê a sua outra perna... – E riu do moleque, pensando se tratar de um truque de imagem, de espelhos...
Ah, sei lá!!!

O vulgo pretinho sorriu e deu mais uma baforada no seu cachimbo:

- Uai, isso é festa das boas, mas não consigo entender de quê? E quanto a truques... Eu sou mesmo assim!!! Se falta a outra perna, sobra coragem!!!

- Amigos... Bonita essa brincadeira, né??? Mas alguém pode me informar o quê está acontecendo? – indagou um dos participantes, curioso.

- Sabemos não, amigo!!! Acho que deve ser coisa do pai de vocês!!! – retrucou outro participante do evento.

- Que pai doces, o quê!!! Eu vi essa animação toda e resolvi participar!!! Afinal, uma festa cheia de indivíduos estranhos como eu e de bruxas!!! Que festa é essa??? – indagou o pretinho.

- É Halloween!!!

- O quê? É Haroldo ruim, é? Bem que me disseram que o menino não era flor que se cheire!!! Esse tal de Haroldo, hein?

- Ô seu neguinho manco!!! Vai embora, vai!!! Não vê que Halloween é a festa das bruxas??? E o Haroldo é o filho do dono dessa mansão e que financiou essa festinha!!!

- Das bruxas??? Interessante, né? Se é festa das bruxas por que não convidaram a Cuca?

- Quê Cuca o quê, moleque!!! Tu tá é lelé da cuca!!!

- A Cuca, oras!!! A bruxa mais conhecida do Brasil!!! Acho que ela vai ficar sentida com essa falta de consideração!!!

Nisso, do nada aparece a feiosa em carne e osso. E com o seu rabão de jacaré!!!
- Saci??? Tu me chamaste moleque???

- Aiiiii!!! Não falei!!! Mexeram com a dita cuja!!! Agora ocês que agüentem a sua fúria!!!

Nisso, todos convidados começam a desconfiar dos dois personagens. Primeiro procuram em vão a outra perna do Saci. E se desesperam com o fato do moleque ir, vir e às vezes sumir sem deixar vestígios. Ao tentarem encarar a bruxa Cuca, alguns recebem um pouco da sua ira em raios elétricos de baixa intensidade... Outros chegam a se ferir um pouco testando os seus dentes. E alguns mais desavisados tomam uma pequena lambada dela. Sabe-se Deus quando irão despertar. Mas o fato é que quando se apercebem que se trata do Saci e da Cuca de verdade, os meninos vestidos de bruxa e de amigos do TIO SAM, fogem desesperados do local.

Aos risos, o Saci indaga à Cuca:

- Viu amiga, o que dá mexer com nós??? Saíram todos correndo pras suas casinhas, né???

- Isso aí, Saci amigo!!!

- É, Cuca!!! E óia que eles nem conheceram o Curumim, o Boitatá e nem a Mula sem cabeça!!!

- É, eta povinho fraco esse, né???

(Autor: Argento - Waldyr Argento Jr)

Saci... É considerado um ser brincalhão, enquanto que em outras ele é visto como uma criatura do mal. Sua figura, no entanto, é sempre semelhante: um menino negro, de uma perna só, que fuma cachimbo e usa um gorro vermelho.Para alguns, é justamente este gorro que lhe dá poderes mágicos. Entre outros, o poder de desaparecer e aparecer quando quiser. O Saci gosta de travessuras e se diverte espantando cavalos, ou trançando-lhes a crina, queimando a comida e acordando as pessoas com gargalhadas.

Cuca... Os versinhos são muito conhecidos: "Nana, nenê,/ que a Cuca vem pegá/, mamãe foi na roça,/ papai já vem já". Ou ainda: "Vai, Cuca, sai daqui/ para cima do telhado/ deixa o menino/ dormir sossegado". As cantigas infantis e as canções de ninar também fazem parte do nosso folclore. A Cuca, personagem das duas quadrinhas, é uma versão feminina do bicho-papão, nome genérico de uma criatura imaginária que pega as criancinhas que se recusam a dormir.

Curumim ou Curupira... Na maioria das versões do mito, o Curupira é um menino pequeno ou um anão, de cabeleira vermelha, que tem os pés invertidos com os calcanhares voltados para trás. Essa imagem está de acordo com o significado de seu nome, que é formado de "curu", uma contração de "curumim", que significa "menino" e "pira" que quer dizer corpo. Daí "curupira" dar a entender algo como "corpo de menino", ou criatura com corpo de menino. Ele tem os pés ao contrário, o que talvez se justifique por sua função de protetor das árvores, dos animais e da mata. Deixando rastros inversos, o curupira desorienta os caçadores e os faz se perder na floresta. Para confundi-los ainda mais, ele usa assobios que parecem vir de um lugar, quando, na verdade, vêm de outro.

Boitatá... Cobra de fogo ou alma penada. O nome "Boitatá" é composto pelos substantivos tupis "mboi", que significa "cobra" e "tatá", que quer dizer fogo. "Boitatá", portanto, equivale a "cobra de fogo". É um dos primeiros mitos indígenas a ser documentado pelo colonizador europeu, no caso o padre José de Anchieta, que em uma de suas cartas fala de um "fantasma", com a forma de "um facho cintilante" que ataca os indígenas e os mata.Com certeza, o mito impressionou especialmente os europeus, dando origens a diversas lendas mestiças ou caboclas do nosso folclore, segundo as quais o Boitatá é o espírito de pessoas que não foram batizadas, ou ainda almas penadas, ou mesmo o filho da união de irmãos ou compadres. Também há variantes do mito que apresentam o Boitatá como uma entidade que defende os campos contra aqueles que os queimam para prepará-los para o plantio.

Mula-sem-cabeça... Nas noites de quinta para sexta-feira, uma jovem mulher se transforma na fantástica mula-sem-cabeça, de cujas narinas jorram labaredas incandescentes. Ela está condenada a essa maldição por ter seduzido e se relacionado com um padre, sacerdote católico que fez voto de castidade. Assim a transformação é um castigo pelo pecado cometido por ela. Esse mito do folclore brasileiro tem origem na península Ibérica e foi trazido pelos colonizadores portugueses para o Brasil, onde se espalhou no imaginário popular. A versão mais comum é justamente a de uma mulher que manteve relações com um padre e que, amaldiçoada por isso, passa a transformar-se em uma mula-sem-cabeça e galopar por diversos povoados, espalhando terror por onde passa. Pela manhã é encontrada chorando, arrependida, já em sua forma humana, nua, e sem recordar-se do terror que espalhou.

Um comentário:

Flávia disse...

Ameeiii!!
Assino embaixo o desabafo!!!
bjss